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Perguntas e respostas acerca da especialidade Ortodontia e Ortopedia facial


As informações que se seguem são fornecidas àquelas pessoas que pretendem se submeter a um tratamento ortodôntico; é importante que as mesmas estejam cientes de que além dos benefícios trazidos por esta fascinante terapia, há também riscos e limitações. Embora raros, tais obstáculos não podem ser ignorados. A ortodontia é uma forma terapêutica cuidadosamente planejada, entretanto, os resultados finais, como em toda área biomédica, não podem ser garantidos;


ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL

(DEFINIÇÃO/BENEFÍCIOS/NATUREZA DOS PROCEDIMENTOS)

É a especialidade da odontologia que trata dos desvios e das anomalias dento-faciais, proporcionando melhor aparência, maior conforto, melhor função, saúde oral e até um bem estar psicológico, através do aumento da auto estima. Dentes bem posicionados permitem uma higienização mais fácil, reduzindo a incidência de cáries e de doença periodontal. O tratamento ortodôntico também melhora a oclusão, promovendo uma melhor distribuição das forças exercidas sobre os dentes, protegendo-os dos traumatismos que podem ocorrer durante suas funções normais, tais como a mastigação. Uma boa oclusão também se faz necessária para proteger o paciente durante os hábitos parafuncionais (funções anormais), como o bruxismo, por exemplo.


As condições próprias de cada indivíduo e as limitações do tratamento podem impedir

que um determinado paciente receba todos os benefícios da correção ortodôntica. É importante

estar ciente de que é muito difícil prever com exatidão a resposta biológica de cada pessoa aos

procedimentos clínicos ortodônticos. Porém, um prognóstico é possível e será fornecido sem o

compromisso de ser exato.

1) Quem pode me informar sobre as minhas necessidades ortodônticas? Qual a idade ideal para

uma primeira avaliação ortodôntica?

Na infância, os primeiros profissionais da área de saúde que normalmente têm contato com a

criança são o médico (pediatra) e o dentista (odontopediatra). Estes seriam os profissionais que

deveriam indicar uma avaliação ortodôntica, caso suspeitassem de algo anormal. Há um

consenso de que a primeira avaliação ortodôntica deveria ser feita aos 5 anos de idade, momento

em que o profissional pode diagnosticar e tratar uma série de problemas ortodônticos.

2) Todos os problemas identificados em uma criança devem ser tratados imediatamente ou

existem aqueles que são abordados mais tarde?

Há alguns problemas que não são passíveis de autocorreção e devem, portanto, ser abordados

o quanto antes, claro, respeitando-se alguns critérios, como desenvolvimento intelectual,

presença de dentes de ancoragem, e sobretudo, bom senso. Exemplos de problemas que

poderiam ser abordados na infância (em torno dos 5 anos ou após esta idade) seriam a mordida

cruzada posterior (esquelética ou dentoalveolar), a mordida aberta (quando já ocorreu a

irrupção dos incisivos permanentes superiores e inferiores), a classe III (padrão III, ou

prognatismo mandibular, associado a deficiência de crescimento maxilar), e o apinhamento (falta

de espaço para os incisivos permanentes).

3) Seria correto aguardar a irrupção de todos os dentes permanentes para depois levar meu

filho ao ortodontista?

Nunca! Esta é uma concepção antiga e sem respaldo na literatura. Conforme colocado acima,

alguns problemas exigem intervenção imediata, pelo simples fato de se tornarem graves, caso

não sejam solucionados. A não intervenção em momentos oportunos pode requerer no futuro

abordagens cirúrgicas, extrações dentárias, além de outras consequências como aumento do

tempo de tratamento e custo.

4) Quais são os profissionais aptos a tratar de problemas ortodônticos ou más-oclusões?

Esta talvez seja a questão política mais controversa envolvendo a especialidade. Por mais

incrível e descabido que possa parecer, permitiu-se no Brasil a coexistência de duas

especialidades, reconhecidas pelos órgãos responsáveis pelo ensino, que em tese tratam de

problemas ortodônticos. Uma delas, a mais difundida e antiga, é a Ortodontia e Ortopedia Facial.

A outra, mais recente (desde 2001), é denominada Ortopedia Funcional dos maxilares,

especialidade que se vale única e exclusivamente da utilização de aparelhos móveis ou

removíveis.

Para resumir a questão, e indo direto ao ponto, apenas o ensino de biomecânica (ramo da

Biologia que se ocupa da aplicação das leis da mecânica às estruturas orgânicas vivas) se

encarrega de dar uma solução ao impasse. As forças liberadas pelos aparelhos móveis são

exclusivamente pontuais e, portanto, provocam apenas um tipo de movimento dentário,

pendular, também denominado inclinação descontrolada, onde a coroa do dente se desloca para

um lado, e a raiz para o outro... Não há, com este tipo de dispositivo, um controle eficaz e

tridimensional do elemento dental, o que é necessário em praticamente qualquer tratamento

ortodôntico.

Entende-se, portanto, que a aplicação ou o uso dos aparelhos removíveis, não passam de uma

técnica da Ortodontia e Ortopedia Facial, que tem resultados satisfatórios, quando bem

indicados.

5) Quais as principais responsabilidades do profissional (ortodontista especialista) na prática

clínica?

Basicamente, o profissional deve ter a capacidade e formação acadêmica para abordar a

prevenção, a interceptação e o tratamento de todas as formas de má-oclusão dos dentes e

alterações associadas nas estruturas circunvizinhas.

6) O que significa má-oclusão?

Para se responder a esta pergunta, deveríamos entender o conceito da palavra “oclusão”. A

oclusão é o ramo da odontologia que trata das relações de mordida entre a arcada dentária

superior e a inferior, e suas implicações em estruturas anexas (dentes, gengiva, ossos, músculos,

ligamentos e articulação temporomandibular ATM). Portanto, a má-oclusão seria o conjunto de

alterações nas relações de mordida, e suas consequências nas estruturas adjacentes do sistema

mastigatório.

Basicamente, os problemas ortodônticos mais comuns se dividem em esqueletais e dentários.

Os problemas esqueletais tem suas origens, de um modo geral, nas falhas de crescimento dos

ossos da face, o que acarretariam uma alteração na relação dos maxilares (nos três planos do

espaço), bem como na estética facial. Em linhas gerais, os problemas dentários se resumem a:

excessos ou falta de espaços nas arcadas, ausências dentárias congênitas ou excesso no número

de dentes, impactações dentárias (dentes que não conseguiram irromper por várias razões) e

anomalias na forma ou tamanho dos dentes.

7) Quais são os fatores causadores dos problemas ortodônticos?

A etiologia (estudo sobre a origem ou causa de uma determinada doença) das más-oclusões é

bastante complexa. A má-oclusão é uma condição do desenvolvimento. Na maioria das vezes, a

má-oclusão e as deformidades dento-faciais não são causadas por processos patológicos, mas por

moderadas distorções do desenvolvimento normal.

Ocasionalmente, uma única causa específica está presente, como por exemplo uma má-

oclusão específica que acompanha uma síndrome genética. Mas de um modo geral, os problemas

ortodônticos resultam de uma interação complexa de múltiplos fatores, que influenciam o

crescimento e o desenvolvimento craniofacial, e torna-se impossível identificar um específico

agente etiológico. Numa visão bem resumida, os fatores etiológicos se dividem em hereditários e

ambientais (hábitos bucais).

8) Quais seriam os riscos e as limitações do tratamento ortodôntico?

O tratamento ortodôntico apresenta riscos e limitações; felizmente, tais complicações não

ocorrem com frequência e geralmente não causam consequências maiores, porém elas devem ser

consideradas pelas partes interessadas (paciente ou responsável e profissional).

1- Cáries e manchas permanentes: podem ocorrer se os pacientes não higienizarem

corretamente os dentes. A utilização da escova e do fio dental, portanto, se fazem

absolutamente necessários. O seu ortodontista lhe dará as orientações necessárias para uma

eficaz higienização;

2- A reabsorção radicular, que é a redução do comprimento das raízes dos dentes, é inerente

ao tratamento ortodôntico; em geral, tais reabsorções são de pequena magnitude e não

causam prejuízos. Entretanto, em raros casos, esta reabsorção radicular pode ser excessiva,

comprometendo seriamente a longevidade dos dentes envolvidos. Nestes casos, considera-se

que a causa é idiopática, ou seja, desconhecida. Alguns pacientes apresentam uma

predisposição a este tipo de problema mais sério.

3- A saúde dos tecidos de suporte (osso alveolar) e de proteção (gengiva) pode ser afetada

pela movimentação ortodôntica, principalmente quando houver alterações anatômicas

desfavoráveis (como por exemplo, pequena faixa de gengiva inserida) ou uma condição

patológica prévia ao tratamento (doença periodontal). As Gengivites (inflamação das

gengivas) podem ser agravadas durante o tratamento ortodôntico, caso não se faça um rígido

controle de placa bacteriana. Em casos específicos, o tratamento periodontal (inclusive

cirúrgico) poderá ser necessário antes, durante ou após a terapia ortodôntica. Embora

sejam tomadas as precauções necessárias, em algumas situações específicas, poderá

haver perda de elemento(s) dentário(s) durante o tratamento ortodôntico.

4- Recidiva: Os dentes e os ossos maxilares têm uma tendência a retornar à sua posição

original após o término do tratamento. Esta “recidiva” pode ser bastante reduzida, se os

pacientes seguirem fielmente as recomendações do ortodontista durante o período de

contenção, fase esta que se inicia após a remoção do aparelho fixo. Entretanto, não se pode

esquecer que ao longo da vida ocorrerão alterações adversas na oclusão do paciente,

decorrente de várias causas, entre elas a erupção dos terceiros molares, crescimento

craniofacial, respiração bucal, desgaste normal dos dentes e outros hábitos orais que estão

fora do controle do ortodontista. Além destes fatores, uma deficiência de osso alveolar

(sequela de doença periodontal, por exemplo) pode “permitir” que forças suaves dos tecidos

bucais alterem a posição dos dentes. Portanto, nestas situações, pode haver a necessidade de

retratamento ortodôntico.

5- DTM (Desordens Temporomandibulares): Sabe-se que as alterações da articulação

temporomandibular (ATM) são pouco relacionadas à oclusão dentária. As DTM, sejam

musculares ou articulares, causando dores localizadas ou difusas, ruídos (click e crepitação)

e outros sintomas, podem ocorrer com ou sem tratamento ortodôntico. As suas origens estão

mais relacionadas a fatores sistêmicos, emocionais, anatômicos, etc. Não se pode esperar,

portanto, que o tratamento ortodôntico atue diretamente na solução destes problemas.

6- Relação com tratamento endodôntico (canal): Em alguns casos a movimentação

ortodôntica poderá agravar uma condição patológica existente (dentes previamente tratados

endodonticamente, traumatizados, ou com restaurações extensas). Tal agravamento poderá

requerer tratamento endodôntico destes dentes.

7- O bruxismo (ato de ranger ou apertar os dentes) pode provocar um desgaste anormal dos

dentes; esta condição pode ocorrer com ou sem o tratamento ortodôntico, e sua origem está

mais relacionada ao stress emocional do indivíduo. O tratamento ortodôntico não possui,

portanto, relação com o bruxismo.

8- Má-formações dentárias são processos biológicos que estão fora do controle do

ortodontista. Estes desequilíbrios podem alterar a oclusão e, portanto, a qualidade final do

tratamento. Nestes casos, pode haver a necessidade de intervenção de outras especialidades.

9- Doenças sistêmicas: Algumas doenças podem afetar o tratamento ortodôntico; o

ortodontista deve ser informado de quaisquer distúrbios endócrinos, renais, diabetes e

outros. Além disso, deve também ser informado de qualquer medicamento que o paciente

esteja tomando.

10- Irritação: Alguns aparelhos (braquetes e aparelhos extra-orais) podem provocar irritações

ou lesões (aftas) na mucosa oral; tais lesões costumam aparecer logo após a colocação do

aparelho. Entretanto, na maioria dos casos, têm regressão simples e não chegam a ser um

problema.

11- Manuseio incorreto de alguns aparelhos: Os aparelhos extra-orais, quando manuseados

inadequadamente, podem causar danos à face (inclusive aos olhos); para evitar problemas,

pede-se não utilizar tais aparelhos quando estiver correndo ou praticando esportes. Em caso

de acidente, comunicar imediatamente com a clínica.

12- Outras especialidades: Os riscos envolvidos em procedimentos de outras especialidades

devem ser discutidos com os cirurgiões dentistas responsáveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Planejamento: O planejamento ortodôntico é feito com base nas características que cada cliente

possui, sendo passível de mudanças dependendo do resultado que o próprio tratamento

apresente, e também da constituição orgânica de cada um.

Hábitos alimentares: Devem ser evitados alimentos duros ou pegajosos, que possam quebrar

ou danificar o aparelho.

Higienização: Uma higienização perfeita se faz necessária, já que o aparelho ortodôntico é mais

um fator de retenção de placa bacteriana.

Dúvidas: Caso surjam, devem ser discutidas com o profissional responsável.

Tempo de tratamento: O tempo necessário para a realização do tratamento pode exceder ao

que foi estimado. Fatores como a resposta biológica individual, crescimento ósseo excessivo

ou deficiente, pouca cooperação, higiene oral inadequada, quebra de aparelhos e

cancelamento de consultas podem prolongar o tempo de tratamento e afetar a qualidade

final dos resultados.


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