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A técnica é o mais importante?!

Definitivamente não!!! É impressionante e até desagradável como nós, ortodontistas, somos assediados diariamente, seja por e-mails, whatsapp, folders, etc, de cursos e mais cursos, que invariavelmente trazem consigo a técnica de Dr. Fulano ou Dr. Beltrano. E não menos assustador, é o fato de muitos embarcarem nesta onda... De fato, existe uma geração, mais recente, que prefere as coisas “prontas”! Estudar? Para quê? Este é o perfil dos alunos que temos visto no âmbito acadêmico! Parece-nos que a qualidade dos cursos, bem como a quantidade exagerada destes, permite que o aluno “selecionado”, se é que de fato podemos denominá-lo desta forma, seja aquele indivíduo imaturo, pouco exigente, inconstante, e que, com raras exceções, não deseja aprofundar nos estudos, tornando-se, portanto, raso no conhecimento das bases que sedimentam a especialidade. O agravante parecem ser as mídias sociais, que tem cauterizado a mente das pessoas, que se tornaram completamente dependentes e dispersas, deixando de lado coisas importantes da vida, como ler e estudar, por exemplo! É obvio que o contexto não é exclusivo da ortodontia, mas em todos os setores da educação.

Em relação à esta busca pelas “facilidades” ou “lei do menor esforço”, os propagadores de técnicas ortodônticas, assessorados por empresas de grande porte, parecem ter alcançado este público de profissionais, que anseiam por braquetes, aparelhos ou técnicas que irão facilitar o tratamento ou a vida clínica do dentista. E o que escrevo não é nenhuma novidade... Gosto de citar autores do nosso círculo acadêmico, que utilizam o cérebro e a inteligência da maneira correta! O estudioso e professor de biomecânica Thomas F. Mulligan, descreve em 1982 (há 33 anos), em seu livro “Common Sense Mechanics”, palavras sábias:


“If each of us can understand, more thoroughly, the fundamental principles involved with an appliance, we can avoid unnecessary appliance changes and make the necessary changes within the appliance we choose to utilize...

Appliances are being refined and will continue to improve with the passage of time. This is good, but the danger lies with the individual who fails to recognize that the refinement of appliances may reduce the physical effort put forth in treatment, but will not eliminate the need for the orthodontic to think, understand, and apply basic principles of mechanics in a common sense manner. This means that regardless of how well we understand mechanics and regardless of how much the appliance is refined, we are dealing with a biologic enviroment whose variation in response will continue to challenge the orthodontist in many ways...

Instead of learning through trial and error, and instead of repetitive error year after year with the same problems, we can avail ourselves of the opportunity to predict such erros before they ever occur, so that our common sense approach to the application of mechanical principles will not only help us to solve the problems at hand, but will permit us to avoid those problems we so often introduce into the treatment procedures...

Perhaps it is a lack of a combination of the two – Knowledge of mechanics and common sense application – that has led to the desire on the part of many orthodontists to seek an appliance which does the thinking. If such is the case, there will be many frustrations which will persist. In no way is this statement intended to be critical of any appliance. It only points out the fact that orthodontists cannot escape the need to understand the appliance of choice and the various force systems which will enter the treatment picture , either as our “friends” or “enemies”.


O texto, embora antigo, é claro, atualíssimo, exprime exatamente o que tem ocorrido em nosso meio, e pode ser traduzido da seguinte forma:


“Se cada um de nós pode entender, mais profundamente, os princípios fundamentais envolvidos em um determinado aparelho (técnica, dispositivo, braquete), podemos evitar desnecessárias trocas dos mesmos, e fazer as mudanças necessárias dentro do aparelho (técnica) que optarmos por utilizar...

Os aparelhos (braquetes) estão sendo refinados e continuarão a ser melhorados com o passar do tempo. Isso é bom, mas o perigo encontra-se com o indivíduo que deixa de reconhecer que o refinamento dos aparelhos pode reduzir o esforço físico ao longo do tratamento, mas não irá eliminar a necessidade do ortodontista de pensar, compreender e aplicar os princípios básicos da mecânica de uma forma de senso comum. Isto significa que, independentemente de quão bem nós compreendemos mecânica e independentemente de quanto nosso aparelho é refinado, estamos lidando com um ambiente biológico cuja variação em resposta continuarão a desafiar o ortodontista de muitas maneiras...

Em vez de aprendermos por tentativa e erro, e em vez de cometermos os mesmos erros ano após ano, podemos nos valer da oportunidade de prever tais erros antes mesmo de ocorrer, de modo que a nossa abordagem para a aplicação dos princípios mecânicos não só nos ajudem a resolver os problemas, mas nos permitam evitá-los, uma vez que são introduzidos constantemente nos procedimentos de tratamento...

Talvez seja a falta de uma combinação dos dois - conhecimentos de mecânica e aplicação do senso comum - que tem criado um desejo por parte de muitos ortodontistas a procurar um aparelho que pense por ele. Se tal for o caso, haverá muitas frustrações que irão persistir. De nenhuma maneira esta declaração destina-se a ser crítico de qualquer aparelho (técnica). Ele só ressalta o fato de que o ortodontista não pode escapar da necessidade de compreender o aparelho de escolha e os vários sistemas de forças que entram em cena durante o tratamento, quer como os nossos "amigos" ou “inimigos.”


O texto não requer comentários adicionais. Vamos estudar??


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